FARINHA DE MANDIOCA FICA ATÉ 130% MAIS CARA
O baiano que adora a legítima farinha de mandioca está desolado. O
produto está em falta no mercado e o quilo vem sendo comercializado, em
média, a R$ 7,00 o quilo.
O empresário Solon Cerqueira, que não dispensa a farinha de mandioca
de Buerarema, reclama. O colaborador, Clóvis Santos, não sabe mais a
quem apelar. “Não dá. R$ 7,00 o quilo é demais [para o bolso]“.
A seca nas regiões produtoras de mandioca e até na vizinha Buerarema
tem colaborado para a alta do preço desde o segundo semestre do ano
passado.
Parte do produto comercializado em Itabuna chega de outros estados. A
dona de casa Helena Vieira também se espantou. Cliente assídua da
“Farinha de Netinho”, ponto tradicional de Itabuna, ela diz que recorreu
à farinha de Santo Antônio de Jesus, que está mais em conta para os
tempos bicudos. Mas a economia não é lá grande coisa. “Comprei por R$
6,00 [o quilo]“, disse, sentada à mesa.
Pelo menos, a dona de casa garantiu farinha com qualidade. Nos
supermercados, a farinha de copioba – aquela amarelinha- é vendida a R$
4,00. “Não tem o mesmo sabor”, emenda.
O levantamento mensal de preços feito pelo Departamento de Economia
da Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz) detectou aumento de 98,67%
da farinha nos últimos seis meses. O percentual, no entanto, é para a
farinha de menor qualidade.
O empresário Cláudio Rodrigues diz que está difícil até mesmo enviar a
“carga” de farinha para dois dos filhos que estão cursando faculdade
fora de Itabuna – um em Juazeiro (BA) e outro em Aracaju (SE). “Virou
ouro”, brinca. Mas os filhos não dispensam a farinha de mandioca de
Buerarema, que ganhou selo, status e… ficou mais cara.
A elevação do preço da farinha fez com que o produto alcançasse
status antes atribuído ao cacau. Comparando, a arroba da legítima
farinha de mandioca não fica por menos de R$ 105,00, enquanto a de cacau
está cotada hoje a R$ 61,00, conforme a Secretaria de Agricultura da
Bahia (Seagri).
No relatório do Departamento de Economia da Uesc, a explicação para o
novo “status” da farinha de mandioca, aí incluída a de copioba (selo) e
a boa, de Buerarema: “Os efeitos da seca no Nordeste do país em 2012,
associado ao aumento da demanda por farinha, vem provocando elevação no
preço desse item da cesta básica”.
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